Como dito anteriormente no post sobre cirurgia pra desvio de septo, a respiração nasal eficiente é fundamental para a qualidade de vida. No entanto, algumas condições podem prejudicar o fluxo de ar pelas narinas, levando a sintomas incômodos como congestão nasal persistente, roncos e dificuldade para dormir. Um dos fatores mais comuns que contribuem para essa obstrução é o aumento dos cornetos nasais inferiores, estruturas que desempenham um papel essencial na filtração, umidificação e aquecimento do ar que respiramos. Quando esses cornetos estão excessivamente aumentados e não respondem a tratamentos clínicos, a turbinoplastia pode ser uma opção cirúrgica eficaz para restaurar a passagem adequada do ar pelas vias nasais.
O que são os cornetos nasais inferiores ou carne esponjosa?
Os cornetos nasais são estruturas alongadas localizadas dentro da cavidade nasal. Existem três pares de cornetos: os superiores, os médios e os inferiores. Os cornetos inferiores são os maiores e têm a função de condicionar o ar antes que ele chegue aos pulmões, garantindo que esteja na temperatura e umidade ideais. No entanto, devido a fatores como rinite alérgica, rinite vasomotora, alterações hormonais ou desvios do septo nasal, os cornetos inferiores podem aumentar de volume de forma excessiva, comprometendo a respiração. Uma curiosidade: muitas pessoas chamam os cornetos inferiores de carne esponjosa!

Indicações para a turbinoplastia
A turbinoplastia é indicada para pacientes que apresentam hipertrofia dos cornetos inferiores com impacto significativo na respiração e que não obtiveram melhora com tratamentos medicamentosos, como corticosteroides intranasais e anti-histamínicos. Podem ser realizadas concomitantemente à cirurgia do desvio de septo, a septoplastia. As principais situações que podem indicar a necessidade dessa cirurgia incluem:
Obstrução nasal crônica;
Rinite alérgica de difícil controle;
Uso excessivo de descongestionantes nasais (como a oximetazolina e a nafazolina);
Desvio de septo associado a hipertrofia dos cornetos;
Apneia obstrutiva do sono causada por obstrução nasal;
Respiração oral constante, causando ronco e boca seca ao acordar.
Como é realizada a turbinoplastia?
A turbinoplastia é um procedimento cirúrgico que visa reduzir o volume dos cornetos inferiores, mantendo sua função fisiológica. Existem diferentes técnicas cirúrgicas para realizar essa redução:
Turbinoplastia convencional - Nesse procedimento, uma parte do corneto é removida cirurgicamente para criar mais espaço na passagem do ar. A mucosa nasal é preservada ao máximo para evitar complicações, como a síndrome do nariz vazio.
Turbinoplastia por radiofrequência - Uma opção menos invasiva, na qual uma sonda de radiofrequência é inserida no corneto para causar uma redução progressiva de volume por meio da coagulação dos tecidos. É um procedimento rápido e pode ser feito sob anestesia local.
Turbinoplastia submucosa endoconchal - é uma técnica na qual o cirurgião disseca por dentro do corneto, removendo o excesso de tecido ósseo, mas mantendo praticamente intacta toda a capa de cobertura do corneto. Essa técnica é especialmente interessante nos pacientes que possuem um corneto inferior com osso espesso.
Ressecção parcial do corneto - Em casos mais graves, parte do corneto é removida para aumentar permanentemente o espaço da via respiratória. No entanto, esse procedimento exige mais cuidado para evitar redução excessiva da mucosa nasal.
A escolha da técnica depende de fatores como a gravidade da obstrução, a presença de outras condições nasais e a preferência do cirurgião.
Recuperação e cuidados pós-operatórios
A turbinoplastia é, geralmente, um procedimento de recuperação rápida. Em cirurgias menos invasivas, o paciente pode retornar às atividades normais em poucos dias. Já nos casos em que há ressecção tecidual maior, o desconforto pode durar algumas semanas. Os principais cuidados no pós-operatório incluem:
Uso de soro fisiológico para lavagem nasal frequente;
Evitar esforços físicos intensos nas primeiras semanas;
Manter a cabeça elevada ao dormir para reduzir o edema e o sangramento;
Uso de medicamentos prescritos para controle da dor e inflamação;
Retorno ao médico para acompanhamento e remoção de crostas, se necessário.
Riscos e benefícios da turbinoplastia
A turbinoplastia é considerada um procedimento seguro quando realizada por um especialista experiente. No entanto, como qualquer cirurgia, pode apresentar alguns riscos, como sangramento nasal, formação de crostas e ressecamento nasal. Em raros casos, pode ocorrer a síndrome do nariz vazio, uma condição caracterizada pela sensação de obstrução mesmo com a via nasal aberta.
Os benefícios da turbinoplastia, por outro lado, são significativos para os pacientes com obstrução nasal persistente. A melhora da respiração, a redução da dependência de descongestionantes nasais e a melhor qualidade do sono estão entre as vantagens mais relatadas.
Conclusão
A turbinoplastia é uma opção eficaz para pacientes que sofrem com a obstrução nasal crônica causada pelo aumento dos cornetos inferiores. Com técnicas cada vez mais seguras e minimamente invasivas, a cirurgia pode proporcionar alívio duradouro e significativa melhora na qualidade de vida. Se você tem sintomas persistentes de congestão nasal e deseja saber mais sobre o tratamento, consulte um otorrinolaringologista para uma avaliação detalhada.
Deusdedit Brandão Neto
CRM 151.875 | RQE 65.989
Médico Otorrinolaringologista - USP
Especialista em Cirurgia Endoscópica Endonasal e Base do Crânio - USP
Doutor em Ciências - Faculdade de Medicina da USP
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